Das religiões de matriz africana temos a informação que na África, o Orixá Iemanjá é divindade das águas doces, cultuada à beira do Rio Ogum, já no Brasil, a sua devoção se expressa nos mares, visto que rios e cachoeiras foram atribuídos à nossa Orixá Oxum. No Brasil as tradições do Candomblé e da Umbandas, celebram o dia dois de fevereiro como a data da rainha dos mares, Mãe Iemanjá, transformando essa comemoração em uma grande festa a beira-mar. Embora a divindade seja cultuada em diferentes épocas do ano, conforme as práticas locais e o calendário de cada terreiro, é nesta data especifica que ela recebe as reverências mais expressivas, especialmente em Salvador-BA, onde uma multidão de devotos se dirige à orla que é o cenário das homenagens à Rainha do Mar.
A sincretização se manifesta de maneira variada por todo o território brasileiro, pois cada região venera Nossa Senhora de uma forma única. Por exemplo, em São Paulo e no Recife, Iemanjá é fortemente ligada à Nossa Senhora da Conceição, que é homenageada em oito de dezembro. Em Salvador, sua associação se dá com Nossa Senhora das Candeias, comemorada em dois de fevereiro. Essa é a razão pela qual a festa mais antiga em honra a Iemanjá no Brasil acontece exatamente nessa data. Essa celebração marca o fim de um ciclo festivo que se inicia em quatro de dezembro com a Festa de Iansã (sincretizada com Santa Bárbara), seguida por Oxum em oito de dezembro, que é associada à Nossa Senhora da Conceição.
“O nome Iemanjá (Yeye omo ejá, mãe dos filhos peixes) remete à sua essência materna e à sua função como deusa protetora da pesca. É nessa perspectiva que, nos terreiros, se manifestam entidades conhecidas como marinheiros, pescadores, ribeirinhos, marujos, piratas, entre outras divindades que atuam para auxiliar na lapidação e no crescimento moral e espiritual dos adeptos da religião.
Além disso, Iemanjá pode ser retratada como guerreira e amante em diferentes mitos. No Brasil, ela conquistou o título de grande mãe, principalmente devido ao seu sincretismo com a Virgem Maria. Pesquisas mais aprofundadas revelam que Iemanjá é considerada a mãe de todos os Orixás, motivo pelo qual é extremamente respeitada e invocada nos rituais.”
Giulianna Altimari, psicoterapeuta holística, colunista social, mãe de santo de Umbanda iniciada por Mãe Maria José da Silva Matos, expressa com reverência que "falar de Iemanjá é um verdadeiro presente”. Ela enxerga esse Orixá como uma mulher extraordinária, capaz de enxergar nossas emoções e dores sem qualquer barreira. Para Giulianna, Iemanjá nos despe da vaidade, do orgulho e dos medos, revelando que a realidade é muito mais simples do que imaginamos e que muitas vezes, são nossos excessos emocionais que nos cegam.
Embora acolhedora, ela também nos ensina que a vida se assemelha a um barco em alto-mar: se não prestarmos atenção ao rumo que tomamos e não conduzirmos nossa trajetória com sabedoria, podemos acabar em águas turbulentas. Superar essas dificuldades exige que aprendamos a lidar com nossas emoções e sentimentos.
Para Jane Ramos dos Santos, funcionária pública, Odoyá, minha mãe! Rainha do Mar e Protetora da Vida! Nos relata emocionada que “Sempre nutri uma profunda admiração por essa moça de longos cabelos. Sempre que me sento à beira-mar, de frente para as ondas, sinto uma paz imensa. É como se minha mente se organizasse, e eu recebesse o aconchego e o calor do seu colo”. E finaliza: “Falar de Iemanjá é como tentar descrever nossa mãe biológica; por mais que tenhamos mil palavras, nenhuma seria suficiente para expressar verdadeiramente o que sentimos e o quanto somos gratos por tê-la ao nosso lado.”
Joelson Ramos dos Santos, empresário, do Centro Espírita Nossa Senhora do Carmo, começa dizendo: Iemanjá, é a Rainha do Mar. E continua seu relato: “Além de seu papel religioso, Iemanjá exerce uma forte influência na cultura popular brasileira. Sua presença é marcante em músicas, poesias e obras de arte, ressaltando assim, numa importância marca da identidade afro-brasileira. Mais do que uma figura espiritual, ela transcende a preocupação específica, tornando-se um símbolo de conexão com a natureza e com a força feminina. ”
Para o umbandista Joelson, Iemanjá é muito mais do que uma entidade sagrada. Ela representa a relação do ser humano com o mar, a fé, a proteção e a força materna. Suas celebrações refletem a riqueza da cultura e da arte brasileira e evidenciam a necessidade de preservação as tradições que reforçam as múltiplas diversidades e espiritualidades.
Divindade complexa e fascinante, Iemanjá personifica a proteção, a nutrição e a beleza. Sua relevância na mitologia afro-brasileira e na cultura popular é inegável, e suas celebrações continuam a inspirar e unir pessoas em torno de valores como maternidade, proteção e renovação.
Salve nossa Mãe Iemanjá!
Odociaba, Odoyá minha mãe!