Rezar é conectar-se aos orixás ao colher as ervas sagradas na mata e aguadas, macerar as folhas e preparar um chá ou um banho.
Em todas as ações, tarefas executadas dentro e fora de um terreiro por amor as entidades há uma vibração, uma essência e uma permanência poderosa.
Mantém-se os diálogos mais íntimos e secretos com os orixás varrendo silenciosamente o chão terreiro. Areando os panelões ou lavando os alguidares os ouvidos são envolvidos em sussurros cadenciados de ensinamentos.
Enquanto se prepara as comidas dos orixás, enfeita-se o congá, troca-se os mantos do peji, limpa-se as imagens e as recolocam nos seus lugares, em tudo há benção de dar e receber. Vibra-se intuições que extasiam os corações.
Em todas as experiências, há inúmeras possibilidades de renovar, de alegrar, potencializar a magia e os segredos ancestrais.
Se orar e vibra na intensidade dos orixás, amando ao próximo, demonstrando respeito pelos mais velhos e mais novos.
Inicia-se e amplia-se as amálgamas com os Orixás e os Santos na convivência diária das giras, na realização das obrigações corriqueiras ou nas homenagens festivas.
Pactua-se, cria-se laços afetivos, afiniza-se e encanta-se quando se compreende que as graças recebidas dos orixás são no tempo deles. Eles nos apresentam outras temporalidades, dimensões, realidades e eus.
Louvam-se os Orixás com os pontos riscados, entoando cânticos, na sinfonia das palmas e nas danças circulares que os reverenciam, atinge-se o bom ânimo para continuar caminhando entre os encantados.
Reza-se para cultuar os orixás, cultua-se os orixás para agradecer a vida, para pedir saúde, proteção, paz, força e perdão.
Entre sorrisos e lágrimas, no entrecruzamento da desesperança e da fé, consagram-se os Orixás.
Nas batalhas perdidas e ou vitoriosas, nos nascimentos e ou mortes há inspiração e o sopro oracular dos divinos ancestrais orixás.
Por Gilda Portella – sacerdotisa de umbanda, multiartista e mestranda PPGECCO/UFMT